Durante a minha crise precisei tomar um remédio que, após ingerir o comprimido, deixava um gosto ruim e amargo na boca. No entanto o dito remédio fazia efeito quase que imediato além de ter extinguido a dor em um curto espaço de tempo. O gosto amargo incomodava, mas passava logo. Agradeci à Deus os avanços da medicina e pensando no remédio é que parei para analisar, quantos problemas a gente passa que nos torturam, atormentam, nos deixam doentes e quantas vezes temos que tomar uma decisão, nos posicionar, nos colocar à prova, dar a cara à tapa mesmo sabendo que este tapa vai doer como o diabo?!
Questionamentos à parte. É sobre essas decisões, sobre essas atitudes que a gente tem que tomar que fiquei aqui pensando com os meus botões. Na verdade, fiquei pensando em nosso medo de tomar uma decisão, de encarar a verdade dos fatos, de se posicionar diante de algo que não temos tanta certeza, da nossa insegurança em abrir mão do certo pelo duvidoso. Do eterno dilema da virgem (minha mãe que me perdoe a expressão chula): Será que vai doer?! Peloamordedeus, claro que vai! Quem falar que não tá mentindo, descaradamente! Que me desculpe quem teve uma noite maravilhosa e acha que passou bem da primeira mas, (entretanto, contudo, todavia,) algumas decisões sejam elas perder a virgindade ou sair do país, implicam em certo risco, em coisas que vão dar certo e outras que vão dar errado, implicam em muitas dúvidas e implicam em algumas dores, sejam elas físicas ou emocionais.
O problema em si não é nem a dor, mas a eminência dela. E não se arriscar a fim de evitar todas as conseqüências faz com que a gente fique parado, no mesmo lugar, sem se mover. Mesmo que esse movimento seja um passo para trás pois alguma coisa deu errada e vamos ter que concertar, de um jeito ou de outro. Nos acomodamos com a acomodação. Até aquelas pessoas mais empreendedoras e pioneiras em algum momento viveram o tal dilema da virgem e sabe porquê?! Porque ninguém (ninguém mesmo) está isento das conseqüências dos seus atos e ações.E essas conseqüências nem sempre serão as esperadas, nem sempre serão boas, nem sempre nos afetarão drasticamente, nem sempre serão definitivas, nem sempre acontecerão de fato. É a gente que tem essa mania de ter medo do que tem do outro lado, do que tem depois do sim (ou do não), do que vem em seguida, de quando as cortinas se abrem ou se abaixam, porque não?! É a gente que protela a solução por medo do que se coloca em jogo ao tomá-la.
É a gente que por inúmeros motivos (ou até nem tão incontáveis assim) esquecemos que algumas decisões, soluções e até mesmos as mudanças são como remédio amargo, pode até ser ruim no início, depois o gosto passa e as coisas enfim, começam a melhorar.