domingo, 5 de julho de 2009


Essse texto de Arnaldo Jabor retrata como anda os relacionamento atualmente muito bom vale apena ler....=]


Na hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates, levanta osbraços, sorri e dispara: "Eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todomundo é meu também".No entanto, passado o efeito do uísque com energético e dos beijosdescompromissados, os adeptos da geração "tribalistas" se dirigem aosconsultórios terapêuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais próximoe reclamam de solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso erejeição. A maioria não que ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu.Beijar na boca é bom? Claro que é! Se manter sem compromisso, viverrodeado de amigos em baladas animadíssimas é legal? Evidente que sim.Mas por que reclamam depois? Será que os grupos tribalistasesqueceram da velha lição ensinada no cólegio, onde "toda ação temuma reação".Agir como tribalistas tem consequências, boas e ruins, como tudo navida. Não dá infelizmente, para ficar somente com a cereja do bolo -beijar de língua, namorar e não ser de ninguém. Para comer a cereja épreciso comer o bolo todo e nele, os ingredientes vão além dodescompromisso, como: não receber o famoso telefonema no diaseguinte, não saber se está namorando mesmo depois de sair um mês coma mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra,etc, etc, etc.Embora já saibam namorar, "os tribalistas" não namoram. Ficar, tambémé coisa do passado. A palavra de ordem hoje é " namorix". A pessoapode ter um, dois e até três namorix ao mesmo tempo. Dificilmenteestá apaixonada pelos seus namorix, mas gosta da companhia do outro ede manter a ilusão de que não está sozinho.Nessa nova modalidade de relacionamento, ninguém pode se queixar denada. Caso uma das partes se ausente durante uma semana, a outra devefingir que nada aconteceu, afinal, não estão namorando. Aliás, quandofoi que se estabeleceu que namoro é sinônimo de cobrança?A nova geração prega liberdade, mas acaba tendo visões unilaterais.Assim como só deseja "a cereja do bolo tribal", enxerga somente olado negativo das relações mais sólidas. Desconhece a delícia deassistir um filme debaixo das cobertas num dia chuvoso comendo pipocacom chocolate quente, o prazer de dormir junto abraçado, roçando ospés sob as coberta e a troca de cumplicidade, carinho e amor.Namorar é algo que vai muito além de cobranças. É cuidar do outro eser cuidado por ele, é telefonar só pra dizer bom dia, ter uma boacompanhia para ir ao cinema de mãos dadas, transar por amor, teralguém para fazer e receber cafuné, um colo para chorar, uma mão paraenxugar lágrimas, enfim, é ter "alguém para amar". Já dizia o poetaque "amar se aprende amando" e se seguirmos seu raciocinio,esbarraremos na lição que nos foi passada nas décadas passadas:relação é sinônimo de desilusão. O número avassalador de divórciosnos últimos tempos, só veio a confirmar essa tese e aqueles que sedivorciaram ( pais e mães dos adeptos do tribalismo), vendem namaioria das vezes a idéia de que casar é um péssimo negócio e que umarelação sólida é sinônimo de frustrações futuras.Talvez seja por isso que pronunciar a palavra "namoro" traga tantomedo e rejeição.No entanto, vivemos em uma época muito diferente daquela em quenossos pais viveram. Hoje podemos optar com maior liberdade e nãosomos mais obrigados a "comer sal junto até morrer". Não se trata deresponsabilizar pais e mães, ou atribuir um significado latente aosacontecimentos vividos e assimilados na infância, pois somosresponsáveis por nossas escolhas, assim como o que fazemos com aslições que nos chegam. A questão não é causal, mas quem sabecorrelacional.Podemos aprender a amar nos relacionando. Trocando experiências,afetos, conflitos e sensações. Não precisamos amar sob os conceitosque nos foram passados.Somos livres para optarmos. E ser livre não é beijar na boca e nãoser de ninguém. É ter coragem, ser autêntico e se permitir viver umsentimento... Arnaldo Jabor